“Cada um deve aprender a esculpir a sua verdadeira imagem para chegar a ser capaz de refleti-la sem defeitos, e a escrever por si mesmo sua história para encontrar sempre nela, nesse caudal de recordações, um incentivo para sua vida. Quanto mais brilhantes forem suas pagina, maior será a felicidade que experimentará ao lê-las.
Mas,
este livro deverá ser escrito com a pena do espirito, em paginas transparentes
e indestrutíveis, a fim de que o semelhante, ao lê-las, possa orientar a sua
vida e inspirar-se nelas”.
González Pecotche
TOTÓ VIEIRA
ANTÔNIO VIEIRA GUIMARÃES
ANTÔNIO VIEIRA GUIMARÃES
Nasceu
em Dionísio no dia 11 de maio de 1909, filho de José Vieira Guimarães e
Georgina Rosa Magalhães. Teve 12 irmãos: José, Joaquim, Maria, Manuel, Ana,
Adelina, Emmydgia, João, Sebastião, Albertina, que faleceu precocemente,
Angelina e a caçula, também chamada Albertina.
Seu
pai, Sr. José Vieira Guimarães, também conhecido como Juca Neco, era um dos
fazendeiros mais abastados da cidade, dono de vastas extensões de terras na
Fazenda do Engenho, no Rosário, Aguapé e Melo Viana. Sua mãe, proveniente de
Rio São Francisco, hoje Florália, mudou-se para Dionísio com seus pais aos 5
anos de idade.
De
criança, Totó era um garoto alegre e inteligente. Estudou no Grupo Escolar Dr.
Gomes Lima, que foi erguido no terreno doado pela sua avó, D. Salvina Rosa
Magalhães, e inaugurado em 1911. Sua professora do 1º e 2º anos foi D. Naná
Riscalla Albeny, e a do 3º e 4º anos foi D. Luiza Fernandes Ferreira Nunes (D.
Zinha, irmã do Sr. Tacinho). Era o primeiro aluno da sala e, possuidor de uma
memória privilegiada que manteve por toda a vida, dava o ponto logo depois de
passado no quadro e era sempre o primeiro a resolver os problemas de
aritmética.
Dentre
seus muitos colegas do grupo e amigos de infância podemos citar Trajano, José
Riscala Albeny, Adail de Souza Reis, José de Oliveira, Américo Dias, Sebastião
de Sô Ié,
José da Penha, Nereu, Joaquim Ambrósio e muitos outros, além de Irene Araújo,
Cocota (Maria Martins Drumond), Berenice de Souza Reis e Guiomar Garcia.
Desde
pequeno começou a trabalhar na fazenda de seu pai. Já rapazinho e por muitos
anos trabalhou na fazenda como carreiro, puxando cana, lenha e mantimentos.
Casou-se
com Anita Martins de Carvalho no dia 20 de julho de 1935, aos 26 anos, e ela
com 21. Ela era natural de Santana do Alfié e veio ainda menina para Dionísio.
O casamento, celebrado por Pe. Pedro Maciel Vidigal, foi realizado na própria
fazenda.
O
casal teve 9 filhos: Zezé, casado com Águida (Gudicha), Lauzinho, casado com
Dorzinha; Tarcísio (falecido), casado com Leda; Filhinha, casada com Antônio de
Jajá; Geraldo (falecido); Georgina,
casada com Milton Ulhôa; Conceição, casada com Osvaldo Araújo; Maria, casada
com Jader e Antônio, casado com Maria Helena.
Sempre
unidos, formando um casal exemplar, celebraram suas Bodas de Ouro em 1985 e
Bodas de Diamante em 1995. Estiveram casados por 67 anos, até a morte de D.
Anita em 13 de julho de 2002, que deixou o Sô Totó profundamente abalado.
Sô
Totó foi um fazendeiro próspero. Apesar de manter sempre um bom número de
cabeças de gado, dedicava-se mais à agricultura – cultivava cana, milho,
feijão, arroz e café. Sua fazenda tinha também um engenho, monjolo e dois
moinhos, além de um alambique para a fabricação de aguardente e açúcar.
Em
1978 mudou-se com D. Anita para a cidade, onde era querido por todos. O
Tarcísio deu continuidade aos trabalhos na fazenda do Engenho. A ponte perto da
fazenda ainda hoje leva o seu nome –
Ponte de Totó Vieira.
As
virtudes que Sô Totó sempre cultivou foram a honestidade, a honradez, o senso
de justiça e a bondade. Respeitoso e conservador, dirigia-se às pessoas
tratando-as, mesmo as pessoas mais jovens, por “senhor” e “senhora”.
Ao
contrário do que geralmente ocorre com as poucas pessoas que conseguem chegar à
idade de quase 102 anos, quando faleceu, Sô Totó era plenamente lúcido, dono de
uma memória privilegiada, de um alegre senso de humor e de uma saúde invejável.
Em 11
de maio de 2009, dia de seu aniversário de 100 anos, Sô Totó foi homenageado pela Câmara Municipal
de Dionísio com uma moção de aplauso. A iniciativa do então presidente da
câmara, Joel Bastos, foi aprovada por unanimidade pelos vereadores e contou com
o apoio do então prefeito, Weber Americano. Nesse dia foi inaugurada a sede
própria da Câmara Municipal, cuja fita inaugural foi cortada por Sô Totó
Vieira, que ficou extremamente tocado pela homenagem.
A
celebração dos 100 anos do patriarca foi em uma churrascaria no Minas Shopping,
em Belo Horizonte, e contou com a presença maciça da numerosa descendência que
ele e D. Anita iniciaram em 1936 com o nascimento de Zezé, o primogênito.
Sô
Totó ainda teve o privilégio de comemorar os 101 anos, sempre cercado de
carinho pelos familiares, que tinham por ele uma verdadeira veneração.
A
três meses de completar 102 anos e sem passar por uma única cirurgia, Sô Totó
internou-se pela segunda vez na vida num hospital, o Vital Brasil, em Timóteo,
onde, poucos dias depois veio a falecer, totalmente lúcido, no dia 24 de
fevereiro de 2011. Deixou uma grande descendência, constituída de 9 filhos, 32
netos, 44 bisnetos e 3 tataranetos.
Por
Maria das Graças Vieira Reis e Jader Araújo de Souza Reis, em outubro de 2016
Totó, D. Anita e D. Georgina |
Em frente ao monjolo com a família |
Recebendo a placa das mãos do Presidente da Câmara Joel Bastos Abaixo, Jáder, Maria das Graças, Totó e o Prefeito Weber Americano |
QUEM ERA, AFINAL, O SÔ TOTÓ VIEIRA?
Sô Totó era, sem dúvida, um dos moradores mais
ilustres e conhecidos de Dionísio. Se não pessoalmente, não havia quem não o
conhecesse pelo menos de nome. Quem na cidade nunca ouviu falar na “Ponte do
Totó Vieira”, sobre o Ribeirão Mombaça?
Muitas pessoas passam pela vida quase sem
deixar rastro. Não foi esse o caso de Sô Totó. Ele viveu a vida intensamente.
Quem o conheceu superficialmente guarda dele certamente a figura de um homem
honrado, honesto, responsável, sincero, extremamente gentil e conservador no
modo de tratar as pessoas - tratava a todos, mesmo as pessoas mais jovens, por
“senhor” e “senhora”. Nem mesmo os genros escapavam dessa forma respeitosa de
tratamento. Quem, por outro lado, teve a felicidade de conviver mais estreitamente
com ele, irá certamente guardar dele a lembrança de um ser humano encantador,
um “gentleman”, um homem tranquilo, manso e de boa paz, mas ao mesmo tempo
enérgico e forte. Um herói. Em pelo menos três ocasiões ele salvou a vida de
pessoas, que, sem sua intervenção, teriam certamente perdido a vida, conforme
relatado a seguir.
Um herói
Em uma delas um agregado seu, um homem
“possante”, como dizia ele, acostumado a levantar fardos enormes, chamou de
caloteiro um inquilino de Sô Totó, que revidou chamando-o de macaco. O homem então, puxou com facilidade o
inquilino, um senhor de idade, para debaixo de seu braço esquerdo, e com a mão
direita arrancou o punhal. Quando ia baixar a mão para apunhalá-lo, Sô Totó
agarrou seu braço e impediu a tragédia.
Em outra ocasião o Sô Zé da Luz, que com um
formão retirava o excesso da graxa de uma correia do engenho de serra lá na
fazenda, acabou ficando com o pescoço preso entre a correia e a polia. Foi
quando o Zezé de Sô Totó, ainda menino,
chegou ao local e vendo a cena correu para chamar seu pai e em seguida, a
custo, conseguiu desligar a água. Muito forte na época, Sô Totó, com um esforço
enorme, puxou a correia e conseguiu voltar a polia, retirando de lá o Sô Zé da
Luz, que já estava perdendo os sentidos. Como ainda se lembra o Zezé, a pressão
era tanta que o formão partiu-se em três pedaços.
Houve um que fato aconteceu na fazenda quando
uma cobra enorme que se refugiou num banheiro que ficava do lado de fora. Então
um senhor que estava acostumado a capturar cobras para o Instituto Butantã
entrou lá para apanhá-la. A cobra, que não era venenosa, acabou se enrolando no
homem, que estava quase desfalecido quando Sô Totó pulou em cima e com muito
custo conseguiu desenrolar a cobra e salvar o homem.
Um homem bem humorado e divertido
Quem via Sô Totó, aquela figura respeitável e super
conservadora, não poderia imaginar como ele era divertido e brincalhão. Gostava
de dizer que “morrer não faz bem à saúde”. Com a cabeça já quase toda branca,
toda vez que ia cortar cabelo com o Hélio não deixava de recomendar para que
ele cortasse só os fios brancos e deixasse os pretos. Se uma pessoa era muito
bacana, ele dizia que ela era uma pessoa “fustembática”.
Acostumado a atirar e a caçar desde menino, já
com mais de cem anos continuava um exímio atirador, gostava de colecionar armas
e entendia profundamente delas.
Bugres na fazenda
O lugar onde fica a fazenda do Sô Totó era
antigamente habitado por índios, os “bugres”, como eram chamados. Certa vez, quando fazia uma escavação na horta, um empregado bateu a
enxada numa cerâmica e chamou Sô Totó, que recomendou que ele escavasse com
cuidado. Ao final, foram desenterrados dois enormes potes de barro: eram urnas
mortuárias dos índios. Foram também encontrados cachimbo e uma alavanca de
pedra, além de outros utensílios.
Engenho de serra em parceria com
Nonô de Ovídio
Na
magnífica biografia de nosso pai – Nonô de Ovídio – que fez também para este
livro do Fábio Americano sobre as pessoas ilustres de Dionísio, o mano Juquita
fala sobre a parceria que nosso pai manteve por muitos anos com o Sô Totó, que
aqui transcrevo:
“Serraria:
Adquiriu (Nonô de Ovídio) no início da década de 1930 um engenho de serra,
movido por água captada por Totó Vieira nas fraldas das serras do Apaga Pito,
assentado em espaço situado logo após o Sr. Totó utilizar aquela água nas suas
necessidades de movimentar moinho de fubá e moendas para produção de garapa de
cana de açúcar destinada à feitura de rapadura e aguardente. Para atender a
demanda sempre crescente, substituiu aquele empírico engenho de serra por uma
que poderia ser chamada de serraria, comprada ao Padre Braz, e que se achava
desativada no município de Ilhéus do Prata. Em eixos rotatórios introduziu
polias com correias a outros segmentos, obtendo força necessária à movimentação
de máquinas de beneficiamento de arroz e café em casca, alternadamente.”
Sempre pronto a ajudar, Sô Totó acolhia em sua
fazenda inúmeros viajantes que lá pediam pousada. Os ciganos que frequentemente
apareciam por Dionísio quase sempre armavam suas barracas no terreno da fazenda do Sô Totó, às margens
do ribeirão Mombaça.
Casamento triplo
No dia 21 de dezembro de 1974 ocorreu em
Dionísio um acontecimento único: o casamento de três das quatro filhas de Sô
Totó e D. Anita. Inédito não apenas em Dionísio, mas raro em todo o Brasil,
atraiu a atenção da revista “Fatos e Fotos”, a segunda mais importante do país
na época, que mandou para a cidade uma reportagem para registrar o
acontecimento.
De acordo com a revista, “foi Sô Totó quem
escolheu os dois bois, os 20 leitões, 200 frangos e tratou de mandar vir os 100
barris de chope”. Pode ter havido algum exagero, mas o fato é que foi
certamente uma das maiores festas que Dionísio já viu. A cidade compareceu em
peso, mas mesmo assim sobrou uma quantidade enorme de comes-e-bebes. Outros
jornais estiveram também na cidade registrando o acontecimento.
Viagens
Juntamente com sua filha caçula, a Maria
(Gracinha), minha esposa, tive o prazer de levá-lo a conhecer diversas cidades.
Ele adorava viajar, ficava muito agradecido
e gostava de comentar sobre as
viagens.
Em nossas conversas ele havia manifestado um
especial interesse por Petrópolis e pelo Rio de Janeiro, mas disse que jamais
iria lá por causa da violência. Certa vez a Gracinha e eu o apanhamos e o
Lauzinho e eu lhe disse que iria levá-los para conhecer Diamantina. Depois de
muitas horas de viagem mostrei para ele uma placa e pedi para que ele lesse. E
ele leu: “Divisa dos Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro”. Ele estranhou:
“Mas Diamantina não fica pra este lado, fica?”. Eu então lhe disse: “Não, Sô
Totó, nós estamos trazendo o senhor para conhecer Petrópolis”. E ele adorou.
Estivemos no imponente Palácio Imperial e em
outros pontos turísticos da cidade. Depois eu lhe disse: “Sô Totó, já que
estamos pertinho do Rio, vamos dar uma chegadinha lá?” E ele: “O senhor vai me
desculpar, Jader, mas no Rio eu não vou não, por causa dos ladrões. Com muito
custo conseguimos convencê-lo. E como ele adorou! No meu carro demos um giro
completo pelos principais pontos turísticos. Estivemos em Copacabana, onde ele
conferiu se a água do mar era mesmo salgada, no Monumento dos Pracinhas lá no
Aterro do Flamengo, no Pão de Açúcar (não teve como convencê-lo a andar no
bondinho), atravessamos a ponte Rio-Niterói, de onde ele pôde ver de perto
imponentes navios e ter uma visão panorâmica da Cidade Maravilhosa.
Outra cidade que ele adorou foi Aparecida do Norte, nossa segunda viagem para fora do estado de Minas Gerais. Desta vez, além dele, a Gracinha e eu tivemos o prazer enorme de levar também a D. Anita. Mesmo sem poder ver, ela adorou e chegou a se emocionar ao estar juntinho à imagem de Nossa Senhora Aparecida. Sô Totó ficou admiradíssimo com a imponência da Basílica. Na volta visitamos São Lourenço, Caxambu, Cambuquira e Lambari. Outros lugares que levamos Sô Totó para conhecer e ele ficou encantado foram Ouro Preto e Mariana, Congonhas do Campo, São João del Rey, onde ele pôde ver uma imagem da qual, quando ele era pequeno alguém lhe havia dito que era possível ver até as veias do Senhor Morto - e ele pôde conferir.
Estivemos também em Araxá e cidades vizinhas. Em Conselheiro Lafaiete, estivemos presentes no Jubileu de Ouro do Padre João Batista, que na missa fez menção à presença de velho amigo Totó Vieira. Nesse dia ele teve o prazer de se encontrar com outro ex vigário de Dionísio, o Padre Pedro Maciel Vidigal. A estas festividades estiveram presentes também o Antônio e a Filhinha.
Visitamos também Sabará, a Gruta de Maquiné, em Sete Lagoas e cidades vizinhas.
Sob um frio congelante, estivemos na Serra da Piedade, que ele adorou. Em Florária (perto de Santa Bárbara), terra natal de D. Georgina, sua mãe, ele teve interesse em saber sobre locais por onde ela havia provavelmente andado, especialmente a igreja e o velho cruzeiro com os instrumentos da Paixão. A Conceição acompanhou-nos nessa viagem, bem como a que fizemos a Carneirinhos, onde ele foi visitar seu velho amigo, o Pe. João Batista, já então acometido de Alzheimer.
Ao Caraça nós o levamos por duas vezes, sendo que na última pernoitamos
lá e ele adorou. Ele tinha uma predileção especial por Caraça, onde já havia estado anteriormente com o Milton e
a Georgina. Os últimos lugares a que o levamos foram Dom Silvério, Rio Casca,
Ponte Nova e Urucânia, onde ele estivera décadas atrás como romeiro e
manifestara o desejo especial de voltar a visitar.
Dona Anita
Como diz o ditado, “por trás de um grande
homem há sempre uma grande mulher”. Isso se aplicava ao pé da letra no caso de
Sô Totó e D. Anita, uma batalhadora, uma mulher de fibra, que cuidava da
fazenda e da família com uma competência impressionante.
Trabalhadora incansável, costumava dizer que
“trabalhar é uma delícia”. Zelava para que suas filhas andassem sempre bem
arranjadas, e com o maior gosto as levava para coroar na igreja-matriz.
Se um filho se machucasse, o que ocorria com
frequência com os meninos, corria logo para ela. Tinha um carinho e uma atenção
diferenciada com o Geraldo, que necessitava de cuidados especiais. De uma
iniciativa enorme, acabava conseguindo
sempre o melhor para seus filhos, inclusive no campo profissional.
Aos 62 anos perdeu a vista em um acidente.
Pode-se imaginar a tragédia que isso foi para ela, uma mulher tão dinâmica e
obcecada pelo trabalho. Nem isso, porém, foi capaz de derrotá-la no cumprimento
do dever de esposa, mãe e dona de casa. Servindo-se do tato, não havia quem
lavasse louça melhor do que ela. Várias vezes testemunhei o Sô Totó
perguntando: “Anita, onde é que está isso ou aquilo” – um documento, uma agulha
que fosse. E lá ia ela localizar
imediatamente o objeto para ele.
A nós, genros, tratava como se filhos fôssemos
e nós a adorávamos.
Rodeada de carinho, faleceu em Belo Horizonte
em 13 de julho de 2002, aos 88 anos de idade.
Saúde invejável
A bondade de Sô Totó foi agraciada por Deus,
que lhe concedeu uma saúde de ferro e uma memória invejável. Lembrava-se com
detalhes de fatos ocorridos em seu tempo de criança, da vida tão cheia de amor
que viveu com Dona Anita, de cada fato, por mais simples que fosse, ocorrido
com cada filho.
Lembrava-se de nossas viagens e de
acontecimentos mais recentes envolvendo filhos e suas respectivas famílias,
netos e bisnetos. E teve o prazer de falar com seu neto Joãozinho o clássico: “meu
neto, me dê aqui o seu neto”.
Homenagem ao pai Tó.
Aos 11 de maio de 1909 nascia o Pai Tó.
Construiu com muita dignidade, juntamente com a Mãe Nita, uma numerosa família, a família Vieira, Remeto-me já ao seu centésimo segundo ano. Parece ser tão longo esse tempo, mas, tão pequeno perante a eternidade.
Tudo aconteceu durante uma reunião lá no céu. Diante de tanta desigualdade e injustiça social, o Senhor necessitava urgentemente de um grande sábio, um ser humano de muita paz e detentor dos valorosos princípios morais, para ouvir recomendações sobre a vida na terra. Tinha que ser inteligente, alegre, irreverente, caridoso e perspicaz.
Durante a sua busca o Senhor encontrou um jovem de 102 anos, no Município de Dionísio-Mg. Um contador de casos, sempre acolhedor com todas as pessoas, indiferentemente da classe social, credo ou etnia. Esse jovem senhor de 102 anos não media esforços para ajudar, orientar e receber de forma bastante humanizada a todos que o procuravam. Muito religiosos, sempre primou pelos princípios Cristãos, respeitando não somente as doutrinas e dogmas das igrejas e suas teologias, mas praticava a verdade, a justiça e a compaixão no seu dia a dia. Esse era o Senhor Antonio Vieira Guimarães, o Senhor Totó Vieira, o Vô Totó, o meu Pai Tó, eterno Pai Tó.
Foi com ele que na minha juventude, apesar de precoce e irresponsável, e na companhia de meus pais e irmãos, aprendi os grandes vaolores dos seres humanos.
Aprendi muito bem aprendido que, para alcançar a sua longevidade, a verdura que o Pai Tó mais gostava era o frango (assim dizia e morria de rir), frango frito, frango com quiabo, frango assado.
E assim passou inúmeras vezes pela fustembática ponte do Rio Mumbaça, que quando enchia, a água passava e ele afirmava, veementemente, e sempre de forma alegre e irreverente, que toda a água passava por debaixo da ponte.
Nos últimos tempos, já aos 100 anos, dizia que para manter a forma e o vigor físico, diariamente fazia uma caminhada até o Morro do Cruzeiro, bem alí em cima perto do Sr. José Bastos. As vezes ele afirmava que descia de bicicleta prá não ficar muito cansado.
Vale ainda ressaltar os diálogos e discussões sobre política com o Sr. Luis Pimenta e vários amigos. Bom! Se eu fosse relatar tudo, ficariamos aqui por mais 102 anos.
Foi então que o Senhor convocou em caráter de urgência o Pai Tó, de Dionísio MG, para ser um grande Conselheiro lá no céu. O Senhor achou que já tinha sido muito generoso com toda a Família Vieira e seus amigos, deixando o Pai Tó aqui conosco na terra por mais de 100 anos. O Senhor precisava construir um mundo melhor, justo e fraterno, e decidiu: tá convocado o Pai Tó. A família toda vai me agradecer e compreender que, aqui no céu, juntinho comigo, cuidaremos da reconstrução de um mundo melhor e mais digno, minimizando as desigualdades sociais.
No dia de hoje tenho uma grande certeza: o céu está mais alegre e nós aqui muito tristonhos, mas felizes por termos tido o privilégio de amar, sorrir, confraternizar e desfrutar dos ensinamentos e sabedorias de nosso agora saudoso e eterno Pai Tó. A LENDA PAI TÓ.
Agradeço em nome da família a presença e solidariedade de todos que nesse momento compartilham conosco esta grande dor.
Marcos Antônio Garcia Vieira e familiares.
CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE DONA
ANITA
Jader
Araújo de Souza Reis e Maria das Graças Vieira Reis
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