domingo, 24 de junho de 2018

A REVOLUÇÃO DE 1930 EM SÃO DOMINGOS DO PRATA - Edelberto A. Gomes Lima


A REVOLUÇÃO DE 1930 EM SÃO DOMINGOS DO PRATA
REFLEXOS NO POVO E NA POLÍTICA

SUMÁRIO SOBRE A REVOLUÇÃO.


         Na chamada república velha havia um acordo entre o Estado de Minas Gerais e São Paulo, os dois maiores Estados da Federação, para que o candidato a Presidente da República, indicado por cada Estado, se revezasse no poder. Era a chamada política “café-com-leite”. Café de São Paulo, então o maior produtor e leite de Minas.


Washington Luís

      Em 1930, o Presidente da República era Washington Luiz, candidato de São Paulo.  Naquele ano deveria haver nova eleição e seria a vez do governador Antônio Carlos de Andrade, candidato designado por Minas. Contudo, São Paulo rompeu o acordo e impôs um candidato próprio, Júlio Prestes (um fluminense com carreira política em São Paulo).




Júlio Prestes
       As eleições foram vencidas por Júlio Prestes, mas houve vários indícios de fraude eleitoral, fazendo com que Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba se insurgissem.

Gov. Antônio Carlos
        Nessa época o Brasil atravessava ainda uma grave crise econômica, agravada na área política, com o assassinato do candidato a Vice-Presidente na chapa de Getúlio Vargas, o paraibano João Pessoa.

      A insatisfação popular, gerada pela crise econômica e política, se alastrou pelo país tornando iminente uma guerra civil.

      Irrompeu então, um movimento revolucionário, liderado por Minas Gerais, mas com forte apoio do Rio Grande do Sul e Paraíba. À medida que o movimento cresceu e foi saindo vitorioso, outros Estados iam aderindo.

         Como o presidente Washington Luiz, com apoio de São Paulo e de outros Estados, se recusava a renunciar, ele foi deposto por esse movimento revolucionário e se instalou no poder, primeiramente, uma junta militar, para logo após transferir o poder para Getúlio Vargas.


A LIDERANÇA E PARTICIPAÇÃO DECISIVA DE MINAS GERAIS.

         O jornal “O Globo” logo em seguida a deposição do presidente publicou um editorial sob o título “Grandeza e Patriotismo”, em que dizia:

Se fosse possível dominar-se por alguns instantes o clamor dos entusiasmos populares com que amanheceu a cidade, desejaríamos que o país inteiro meditasse em silêncio a grandeza da lição que nos ofereceu o Estado de Minas Gerais, arrancado das correntes de suas tradições pacíficas e de trabalho para reagir, de armas nas mãos, não só em defesa de seu próprio território, mas dos ideais de toda a Nação, incutindo os milagres de sua força e de sua fé através dos Estados vizinhos, levantando as populações de todas as suas fronteiras, e dando um exemplo que é único na sua história.

Ele não se satisfez realmente em defender as suas montanhas da invasão das tropas que, iludidas pelo governo, tiveram de retroceder das primeiras posições, e esmoreceram nas investidas de Benfica, porque forçou os senhores da situação, aqueles que julgavam ditar leis ao país, quando governavam apenas a sua menor porção, a distrair os elementos da suposta legalidade para os limites de todo os Estado.

Já Minas ia levar os alentos de sua coragem às regiões do Espírito Santo e da Bahia, ao Estado do Rio de Janeiro e de São Paulo, como desejasse extravasar os seus sagrados entusiasmos pelo país inteiro, e recordar aos exploradores do Catete, e às sentinelas da legalidade, que Minas não era apenas um grande Estado, mas uma unidade da Pátria, e que não por si e para si, mas pelo Brasil e para ele, se armava e combatia.

É esta a lição que se deve registrar apressadamente no dia de hoje, quando os gritos de entusiasmo popular ensurdecem a cidade inteira”.


“O BERÇO DA REVOLUÇÃO”

Também o jornalista Assis Chateaubriand, proprietário da rede de jornais e rádios, denominados “Diários Associados, não se furtou a comentar a participação decisiva de Minas.

“O papel de Minas na revolução brasileira ultrapassou, sem dúvida, o de todos os Estados que no movimento tiveram envolvidos.

Por isso mesmo que Minas não é o Norte, nem o Sul. Coube-lhe no grande drama que o Brasil vem de escrever, o papel de coordenador do espírito revolucionário e de responsável máximo pelo desencadeamento da luta que gaúchos, paraibanos e pernambucanos são obrigados a reconhecer a Minas esta primazia.

A tradição militar do Rio Grande com o fato de ser ele o dono do candidato esbulhado poderiam levar o resto do Brasil a, de começo, enxergar na projeção revolucionária gaúcha quer os traços das tendências guerreiras dos pampas, quer a exaltação do amor próprio regional, ferido ante o esbulho inominável do Sr. Getúlio Vargas pela insolência do Sr. Washington Luís.

(.....) Minas não. Derrotara o presidente da República quer na tentativa de intervenção federal na questão de Montes Claros, quer no caso da presidência do Estado. 

(,,,,,,,) Minas não entrou na jornada sangrenta porque estivesse em causa, diretamente, mas porque a Nação reclamava que ela não faltasse a seu destino histórico.

(........) Foi Minas quem levantou o gesto de rebelião contra o Catete, no caso da escolha de seu sucessor. A revolução teve início neste desafio da montanha ao poder pessoal do Sr. Washington Luís.

E se foi o presidente Antonio Carlos quem compôs, com a sua lúcida visão de homem de Estado, o prelúdio da revolução, poderemos dizer que o berço do movimento reivindicador tem as suas raízes na terra sagrada da Inconfidência”


A ADESÃO DO POVO DE SÃO DOMINGOS DO PRATA.

Na época, desde o ano de 1923 até 1930, o Prefeito de São Domingos do Prata, eleito majoritariamente na eleição de 1923 e reeleito, também com a maior votação, na eleição de 1927, além de ter sido eleito pelo povo da região, em 1923, para Deputado Estadual, era o Dr. Edelberto de Lellis Ferreira.

Edelberto de Lellis Ferreira
         Tão logo irrompeu o movimento revolucionário, o povo de São Domingos do Prata, liderado por Dr. Edelberto, o apoiou maciçamente.

Edelberto Lellis Ferreira Filho
Nelson Lellis Ferreira e esposa
         Dois pratianos, filhos do Dr. Edelberto, os jovens Nelson de Lellis Ferreira e Edelberto de Lellis Ferreira Filho (Bebeto) e mais Joaquim Soares, pegaram em armas, arriscando as suas vidas, e se integraram à Coluna do Coronel Amaral que fez história pelas vitórias alcançadas, principalmente por ter derrotado e tomado os Estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro, como se demonstra adiante.

         As primeiras notícias chegadas a São Domingos do Prata davam conta de que no Norte, caíram os governadores do Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas. No Sul as forças revolucionárias dominaram o Rio Grande, Santa Catarina e Paraná, estacionando-se nas divisas do Estado do Paraná e São Paulo.

         Os fuzileiros navais mandados para Joinville renderam-se aos revolucionários, o mesmo ocorrendo com as esquadrias de aviões enviadas do Rio de Janeiro para combater os revolucionários, a eles se incorporaram.

         Na Bahia o povo de Salvador se levantou e o governo foi obrigado a chamar para a capital toda a polícia que se achava espalhada pelo Estado.

         De imediato, treze Estados se incorporaram ao movimento, quais sejam: Pará, Maranhão, Piauí, Ceará. Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Minas, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Três já se encontravam em parte ocupados: Espírito Santo, Rio e Bahia. Três se encontravam isolados do Governo Federal: Amazonas, Mato Grosso e Goiás. Em dois ainda dominava o Governo Federal: São Paulo e Distrito Federal.



A VITÓRIA DA REVOLUÇÃO.

Como foi recebido o telegrama comunicando o triunfo da revolução. O regozijo popular – Outras notas”.

O jornal “A Voz do Prata” de 2 de novembro de 1930, com a manchete em epígrafe, publicou:

“Logo que aqui chegaram os primeiros telegramas comunicando o triunfo final da Revolução com a deposição do Presidente da República, centenas de rojões subiram ao ar levando a todos um frêmito comunicativo de alegria.

Com raras exceções (...), lia-se através de todos os semblantes a expressão do mais incontido entusiasmo, da mais sadia alegria pelo término glorioso dessa arrancada cívica que durante 21 dias empolgou a Nação inteira.

Em todas as rodas e em todas as palestras faziam-se os mais pitorescos comentários em torno da personalidade turva do Sr. Washington Luiz e seus companheiros de desgoverno àquela hora presos.

À noite a população da cidade percorreu as ruas guiada pela Banda de música Santa Cecília em ruidosa passeata cívica sob as aclamações e vivas repetidas aos Srs. Arthur Bernardes, Olegário Maciel, Afonso Pena Junior, Antonio Carlos, Getúlio Vargas e outros vultos da campanha cívica, sendo também sempre lembrada a memória sagrada de João Pessoa.

Ao passar pela estação telegráfica onde se achava o Dr. Edelberto de Lellis, Presidente da Câmara (e Prefeito) e do Comitê revolucionário, o Sr. professor José Martins Domingues, Diretor do Grupo Escolar, saudou o povo pratiano na pessoa do Chefe do Executivo Municipal.

Este respondeu fazendo a síntese do movimento e das causas que o levaram a efeito e terminou congratulando-se com o povo do município pela vitória da causa em que o Brasil empenhava a sua honra e seus brios de povo livre. (.......).

Em boletim profusamente distribuído narrando os acontecimentos o Presidente da Câmara convidou o povo para uma grande passeata cívica no dia imediato, 25 do corrente.

Ao anoitecer desse dia a cidade estava repleta de povo que acorreu de todos os pontos do município, achando aqui reunidas quatro bandas de música para maior brilho dos festejos populares.

Às 19 horas, hora marcada para o início da passeata, reunida grande massa popular na Praça Manoel Martins Vieira, em frente à Câmara Municipal, chegou à janela daquele edifício o Dr. Edelberto Lellis Ferreira, de onde falou ao povo convidando a percorrer as ruas da cidade como demonstração de grande alegria por aquele acontecimento que marcava nas páginas de nossa história contemporânea a efeméride mais culminante de nossa vida nacional.

Dali desfilou aquela massa enorme de povo ao espocar de foguetes e ao som de dobrados marciais executados pelas bandas de música e aos vivas à Minas Gerais, ao Rio Grande do Sul, à heroica Paraíba e a todos os vultos importantes da política e da administração. (....................).

(.......). Em frente à residência do Presidente da Câmara falou o professor José Martins Domingues, cujas últimas palavras foram abafadas pelas palmas e vivas da multidão.

Movimentando-se o povo em direção à Praça São Pedro, usou da palavra, de uma das janelas do Telégrafo Nacional, o Dr. Humberto Cabral, notável clínico nesta cidade, que em eloquente improviso salientou o papel da aliança na sucessão presidencial e comentou os desatinos do governo da República na sua desenfreada perseguição aos Estados liberais.

Ao passar o cortejo cívico em frente ao Hotel Philadelpho assomou a uma das janelas do hotel o Dr. Luiz da Costa Alecrim que em substancioso discurso historiou a política dos sátrapas nordestinos de onde é filho aquele ilustre advogado e terminou congratulando-se com o povo pratiano e com a Nação por tão glorioso de nossa história contemporânea.

À porta da Agência do Correio falou o Sr. Farmacêutico Modesto Gomes Lima, ardoroso liberal que se congratulou com os seus conterrâneos por suas expressivas demonstrações de civismo diante da gloriosa vitória que o Brasil acaba de alcançar.

 Ao chegar de novo em frente ao Paço Municipal, falou o cidadão Leandro Domingues Gomes, 1º Juiz de Paz da cidade e que aos 70 anos se alistou como voluntário no batalhão patriótico desta cidade disposto a derramar o seu sangue em defesa da grande causa.

Pelo distrito de Dionísio falou ainda o Professor José Martins, sendo então dissolvida a passeata na mais perfeita ordem”.

  
A VITORIOSA COLUNA DO CORONEL AMARAL
 E A SUA CHEGADA A SÃO DOMINGOS DO PRATA.

        Assim um periódico de São Domingos do Prata noticiava a chegada da Coluna acima:

“De regresso da grande campanha cívica que teve como epílogo a derrocada do despotismo que havia substituído o regime constitucional brasileiro, chegou à cidade na tarde de 5ª feira o bravo oficial da milícia mineira, Cel. Octavio Campos do Amaral.

Com ele vieram cerca de 190 praças e os valentes oficiais Capitães João Clímaco, Astramiro Sant’ Anna, Roberto e Alberto Costa. Tenentes: Floricio, Annibal e Ernani. Drs. Justino e Severino.

Logo na entrada da cidade houve o primeiro sinal da aproximação das forças vitoriosas, dezenas de rojões subiram ao ar e, enquanto se providenciava para a acomodação dos oficiais e praças, o povo ia aos poucos se aglomerando nas proximidades do Hotel Philadelpho onde se hospedaram o Cel. Amaral e seu estado maior.

Às 21 horas mais ou menos já grande massa popular enchia literalmente a rua e parte da Praça S. Pedro, quando a banda de música local estacionou em frente ao Hotel homenageando o bravo cabo de guerra, seus oficiais e soldados.

Ali, a frente do povo, o Dr. Edelberto de Lellis Ferreira, Presidente da Câmara (e Prefeito), em nome do município, saudou o Cel. Amaral e seus invictos camaradas pelo grande feito de armas executado na gloriosa jornada através do vale do Rio Doce até a conquista do Estado do Espírito Santo, depois de desbaratado por completo toda a polícia capixaba e feito bater em vergonhosa fuga o Presidente do Estado.

O Cel. Amaral em longa e eloquente locução agradeceu aquela manifestação que lhe fazia o povo pratiano, fazendo uma narrativa empolgante de toda a luminosa trajetória de sua tropa pelo Estado do Espírito Santo que conquistou in totum o Rio de Janeiro e terminou erguendo vivas à Revolução triunfante, ao Brasil, ao povo mineiro e aos próceres do liberalismo nacional. (......).”

          
REFLEXOS NA POLÍTICA DE SÃO DOMINGOS DO PRATA A PARTIR DO MACIÇO APOIO DE SEU POVO E DO SEU LIDER POLÍTICO À REVOLUÇÃO DE 1930.

Vitoriosa a Revolução, todos os governadores dos Estados foram destituídos e nomeados em seus lugares um Interventor Federal, com exceção do de Minas, Antônio Carlos de Andrade, que permaneceu com o título e no cargo.

(*Ver o livro “Notas sobre alguns prefeitos e eleições
 em São Domingos do Prata de 1890 a 1947”, páginas 17/18).

O Dr. Edelberto que era então, após duas eleições vitoriosas, Agente do Executivo foi NOMEADO prefeito de São Domingos do Prata pelo então Governador, obviamente não somente pela sua notória liderança política, mas também pelo apoio do povo de São Domingos do Prata e por sua participação, desde as primeiras horas, no movimento revolucionário.

Nessa época São Domingos do Prata era o município mais importante do ponto de vista econômico, político e até populacional, do leste de Minas.

O Dr. Edelberto governou até 1936 (1923 a 1936), quando resolveu retirar-se das funções legislativas e executivas, mantendo somente a sua incontestável liderança política.

Em 1936, o Governo Central permitiu que houvesse eleições para as Câmaras de Vereadores, fechadas desde 1930. Em São Domingos do Prata essas eleições se realizaram em agosto de 1936.

O Dr. Edelberto, para sua sucessão, vai buscar um jovem médico residente em Dionísio, chamado Dr. José Matheus de Vasconcelos, ainda pouco conhecido na sede do município, não obstante a forte oposição de antigos e leais aliados políticos.

Porém, Dr. Edelberto, com a sua experiência, sentiu que o município necessitava de “sangue novo”, além de ter visto nele um grande potencial, tanto na área médica, quanto na política. O tempo demostrou o acerto da opção, embora os demais também fossem capazes.

Em 1936, Dr. Mateus teve, em face de sua indicação, que mudar-se, juntamente com a sua jovem esposa e seu filho Paulo Vasconcelos de apenas um ano de idade, e enfrentar uma verdadeira odisseia, posto não existir naquela época estrada ligando o Distrito de Dionísio à sede, sendo o cavalo o meio mais adequado de transporte, via trilhas usadas normalmente por tropeiros da região.

Para agravar ainda mais o percurso, a jovem esposa de Dr. Matheus estava grávida de ninguém menos que Paulino Cícero de Vasconcelos, que no futuro seria Ministro do Governo do Presidente Itamar Franco, além de outros cargos e funções de relevo e hierarquia por ele ocupados, de conhecimento geral.

Com o apoio decisivo de Dr. Edelberto, em que pese a forte oposição desses antigos aliados, o jovem médico obteve uma votação expressiva e foi eleito, juntamente com uma nova Câmara de Vereadores, da qual meu pai, Manoel Martins Gomes Lima (Vulgo Neneco e futuro prefeito), Geraldo Quintão (futuro deputado Estadual) e Nelson de Lima Bruzzi (Iria tornar-se o primeiro prefeito do município de Nova Era, então denominado Presidente Vargas) também passaram, entre outros, a fazer parte.

Em 16.08.1936, o novo prefeito e os novos vereadores tomaram posse.  Porém, em 10 de novembro de 1937, com a implantação do chamado Estado Novo, ainda sob a Presidência de Getúlio Vargas, foram outra vez fechadas todas as casas legislativas do país e extintos os mandatos de todos os prefeitos.

Porém, logo em seguida, eu reputo ainda em face da liderança e prestígio do Dr. Edelberto junto ao Palácio da Liberdade, o novo Interventor Federal, Benedito Valadares, nomeado em 1933, NOMEIA prefeito de São Domingos do Prata, o jovem Dr. Mateus, que governou até 1942, acumulando as funções executivas e legislativas.

Terminado o mandato do Dr. Mateus, o Dr. Edelberto consegue a nomeação de seu filho (um dos que pegou em armas), o jovem engenheiro e ex-professor da Universidade Federal de Viçosa, Dr. Nelson de Lellis Ferreira, que governou por pouco tempo, por ter sido convidado para trabalhar na Usina de Volta Redonda, que estava sendo inaugurada naquela época.

Neneco
Manoel Martins Gomes Lima
Em seguida, ainda por interferência do Dr. Edelberto, é nomeado o farmacêutico (Neneco – Formado pela Universidade Federal de Farmácia), seu genro, que governou de 19 de outubro de 1943 até 07.02.1946.

Veja meu livro *“Quatro Prefeitos de São Domingos do Prata, da primeira metade do século XX, algumas de suas realizações”.

Depois de Neneco, são nomeados sucessivamente, embora tenham governado por pouco tempo: Duval Mendes e Dr. José Olímpio da Fonseca Filho, todos do partido político do Dr. Edelberto.


A CHAPA ÚNICA NA ELEIÇÃO DE 1947.

Redemocratizado o país, São Domingos do Prata realizou em 23 de novembro de 1947, uma nova eleição para prefeito e vereadores.

Pela primeira vez na história do município, situação e posição se compuseram e lançaram “chapa única”.

Para essa conquista, muito contribuiu o espírito conciliador do ex-prefeito Manoel Martins Gomes Lima e da ainda forte liderança do Dr. Edelberto.


PRATIANO CONCILIADOR.
       
É sabido que a política em São Domingos do Prata, na primeira metade do século XX, era bastante conflitante entre as correntes políticas e ideológicas então existentes.

         Neneco, transitando livremente por essas diversas correntes, levava sempre o seu exemplo de moderação, equilíbrio e conciliação, o que culminou, a meu juízo, pela primeira vez na história política de São Domingos do Prata, com a união de todos os partidos então existentes, formando uma chapa única para a eleição que se realizou em 1947.

         Em seu discurso de despedida como prefeito, em 1946, Neneco pronunciou:

“(...) julgo que é necessária a união de todos os pratianos para o bem do nosso Prata. Devo frisar que encontrei a máxima boa vontade para a almejada pacificação entre os elementos da facção dominante, que embora tenham pessoas de sobra para dirigirem o Município e contem com a simpatia de grande maioria da população, acham que devemos aproveitar os bons elementos do outro lado e formarmos assim um único bloco para que o Município, coeso, possa exigir dos dirigentes do Estado o que necessita”.

Embora desde 1923, o partido político a qual era filiado o Dr. Edelberto e todos os demais prefeitos nomeados por indicação dele, é quem dominava, para demonstrar a sinceridade no pedido de conciliação lançado por Manoel Martins Gomes Lima, foi nomeado prefeito, ainda graças ao prestígio do Dr. Edelberto junto ao Palácio da Liberdade, Chiquito de Morais, pertencente a U.D.N. que governou de 15 de abril de 1947 até 31 de dezembro do mesmo ano, quando, no dia seguinte, tomou posse os candidatos que compuseram a chapa única.

Pelo menos na eleição de novembro de 1947, o sonho de Neneco foi realizado.
 A relação dos eleitos e dos respectivos partidos a que pertenciam estão inseridas às páginas 78/79 do livro “São Domingos do Prata: Berço e Origem”.

 Já ancião pelos padrões da época (79 anos), todos os eleitos, em um pleito de gratidão, dirigiram-se ao sobrado do Dr. Edelberto para homenageá-lo e agradecê-lo.
(Adaptação do texto sobre o assunto do meu livro “São Domingos do Prata: Berço e Origem”, com algumas inovações).

Edelberto Augusto Gomes Lima – junho de 2018.


2 comentários:

  1. Muito bom, Edelberto, nosso professor de história!!

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  2. Passado que nubca será esquecido enquanto houver pessoas que desejem contá-lo. ParavPar!

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