ANTÔNIO GOMES LIMA, CONHECIDO COMO
DR. GOMES LIMA, UM DOS GRANDES VULTOS DA HISTÓRIA DE SÃO DOMINGOS DO PRATA E JUNTO COM OUTROS, SÓCIO FUNDADOR DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE MINAS GERAIS.
*EDELBERTO AUGUSTO GOMES LIMA.
Antônio
Gomes Lima, que ficou conhecido como Dr. Gomes Lima, nasceu em São Domingos do Prata em 16 de junho de 1869.
Era filho de Modesto Gomes Domingues e Maria dos Anjos de Lima (de Jesus, de
solteira).
Foi casado
com Isabel da Luz que, após o matrimônio, acrescentou o nome de família do
marido, passando a chamar-se Maria Isabel da Luz Gomes Lima.
Era irmão
dos também pratianos Joaquim Augusto Gomes Lima, Altina Rosa de Lima, Narcisa
Rosa de Lima e Virgílio Lima.
De seus
sobrinhos, entre outros, cito os filhos de Joaquim Augusto Gomes Lima, quais
sejam: Manoel Martins Gomes Lima, Modesto Domingues Gomes Lima e Alcina Gomes
Lima, todos pratianos.
Três dos
irmãos são nomes de ruas em São Domingos do Prata, incluindo o próprio Dr.
Gomes Lima, como era conhecido Antônio Gomes Lima. Sendo que Virgílio Lima é
nome de rua mais em João Monlevade.
Antônio
Gomes Lima fez seus estudos primeiramente em Ouro Preto quando ainda capital do
Estado e o curso superior nas Faculdades de Direito de São Paulo e do Rio de
Janeiro e em 1892, transferiu-se para a Faculdade Livre de Direito em Ouro
Preto (embrião da atual Faculdade Federal de Direito de Belo Horizonte),
bacharelando-se em 1893.
Em seu
último ano na Faculdade ele (juntamente com Alfredo Guimarães e Carvalho de
Brito), responsabilizou-se pela redação do periódico “Imprensa Acadêmica”,
órgão da Academia de Direito de Minas.
O jornal de
seu torrão natal, “A Voz do Prata”, noticiou, em edição de novembro de 1893:
“Depois de
ter recebido o grau de bacharel em direito na Escola Livre deste Estado, chegou
a 29 do passado a esta cidade, o Sr. Dr. Antônio Gomes Lima. Foram ao seu
encontro diversos cavalheiros indo até a residência de seu respeitável
pai.......”
Em 1891,
ainda estudante, tornou-se, por breve período, juntamente com seu parente, Manoel
Coelho de Lima, membro da Comissão de Intendência que passou a governar São
Domingos do Prata até a realizações de eleições.
Logo depois
de formado radicou-se novamente em São Domingos do Prata tendo o jornal “A Voz
do Prata”, em sua edição do dia 15 de outubro de 1893, noticiado ter o mesmo
sido nomeado Promotor Público da Comarca de São Domingos do Prata.
O referido
periódico em sua edição de 31 de março de 1895 dava a notícia de seu pedido de
exoneração do cargo de Promotor de Justiça. Em julho do mesmo ano, conforme
publicado no jornal “O Minas Gerais”, em sua edição de 6 de julho, foi nomeado
Juiz substituto da Comarca de Alfenas.
O jornal
“Minas Gerais”, em sua edição de 13 de setembro de 1898, publicava a nomeação,
por decreto do dia 12 de setembro do mesmo ano, para o cargo de Secretário da
Polícia.
Em 1902,
fruto ainda de sua competência, foi nomeado Chefe da Polícia do Estado de Minas
Gerais, cargo este que passou a ser denominado de Secretário de Segurança
Pública e atualmente Secretário de Defesa Social.
Posteriormente
foi presidente do Banco Crédito Real de Minas Gerais que sempre teve, enquanto
existiu, a sua sede em Juiz de Fora. Foi também, a partir de 1913, Presidente
do Banco do Brasil no Rio de Janeiro.
De 1907 a 1908 foi Senador
estadual por Minas Gerais.
O Senado Estadual era uma das Casas do poder
legislativo dos estados, existentes durante a chamada República velha.
Nessa fase da vida brasileira, a Constituição
Federal permitia que os Estados, desde que não contrariassem a forma republicana
e os princípios constitucionais inseridos na Carta Magna, organizassem o seu
próprio sistema federativo, podendo adotar o unicameral (apenas Câmara de
Deputados, hoje Assembléia Legislativa) e ou a bicameral (Câmara de Deputados e
Senado Estadual). Minas Gerais adotou o sistema bicameral.
SENADORES ESTADUAIS QUE FORAM ELEITOS,
JUNTAMENTE COM O PRATIANO DR. ANTÔNIO GOMES LIMA, EM 1907
Em 10 de março de 1907, foram
realizadas em Minas Gerais eleições para o SENADO ESTADUAL.
São Domingos do Prata elegeu um
de seus mais brilhantes filhos, o Dr. Antônio Gomes Lima, conhecido como Dr.
Gomes Lima.
Foram eleitos juntamente com o
Dr. Gomes Lima, os seguintes senadores estaduais:
Dr. Chrispim Jacques Bias Fortes.
Dr. Delfim Moreira da Costa Ribeiro.
Dr. Antônio Gonçalves Chaves.
Coronel Antônio Martins Ferreira da
Silva.
Dr.
Antônio Carlos Ribeiro de Andrada.
Dr. Camillo Augusto Maria de Britto.
Dr. Gomes Freire de Andrade.
Dr. Pedro da Matta Machado.
Dr. Cornélio Vaz de Mello.
Coronel Joaquim Baptista de Mello.
Dr. Nuno da Cunha Mello.
Coronel Francisco Ferreira Alves.
Dr. Francisco Nunes Coelho.
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INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE MINAS GERAIS
Elaborado os
estatutos, em 12 de julho de 1907 essa Comissão reunida elegeu a primeira Diretoria
do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, sendo eleito Presidente o Dr. João Pinheiro da Silva, então Presidente (Governador) do Estado de Minas Gerais, pai do futuro Governador Israel Pinheiro.
A instalação ocorreu em 15 de agosto de 1907 em sessão solene na antiga Câmara dos Deputados, situada no prédio do Congresso Provisório, que existia na Av. Afonso Pena com Rua da Bahia.
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No início de 1909, o Senador Dr. Gomes Lima renunciou ao cargo eletivo por ter sido nomeado Diretor do Banco Agrícola de Minas Gerais (depois Banco de Crédito Real), posto que ocupou até 1913. Posteriormente foi Presidente do Banco do Brasil com sede no Rio de Janeiro, então capital da República, onde passou a residir.
Constam de
uma propaganda “da Mutua Central – Sociedade Mutua de Pecúlios” os nomes da
diretoria cujos nomes transcrevo a seguir:
Presidente,
Dr. Dr. José Vieira Marques, 1º secretário da Câmara dos Deputados ao Congresso
Mineiro; Vice-Presidente, Dr. Antônio Gomes Lima, presidente do Banco do
Brasil, Thesoureiro, Coronel José Guilherme de Almeida, industrial.
No Conselho
Fiscal, entre outros, figurou os nomes de dois personagens históricos que foram
Presidentes da República: Dr. Wenceslau Braz Pereira Gomes e Dr. Delfim Moreira
da Costa Ribeiro.
Em 1911,
graças ao seu prestígio junto ao Palácio da Liberdade conseguiu verba para
construção de um Grupo Escolar em Dionísio, então Distrito de São Domingos do
Prata. Essa Escola existe até os dias de hoje e, em gratidão, o povo local o
homenageou dando-lhe o seu nome.
O Decreto nº
3.147, de 28/03/1911, foi assinado por Júlio Bueno Brandão, então Presidente do
Estado de Minas Gerais e também por Delfim Moreira da Costa Ribeiro que, em
1918, seria Presidente do Brasil.
A grande
indagação que se faz, era a razão pela qual levou a primeira escola estadual
para Dionísio e não para a sede do município.
A resposta
fui encontrar na notícia a seguir:
CRIAÇÃO DE GRUPO ESCOLAR ESTADUAL
EM SÃO DOMINGOS DO PRATA.
O jornal “O Imparcial”, em sua edição do dia 28 de fevereiro de 1908,
noticiava:
“Devido a esforços do padre João Pio, secundado pelo Chefe do Executivo
e mais membros da Câmara, parece que vai ser criado um grupo escolar nesta
cidade, em vista da boa vontade que mostra o Dr. Carvalho de Brito de prestar
serviços a este município.........”.
Em
minha opinião está aí a razão pela qual o Dr. Gomes Lima, em 1911, optou por
levar um grupo escolar estadual, primeiramente para o distrito de Dionísio.
CRIAÇÃO DO GRUPO ESCOLAR ESTADUAL
EM SÃO DOMINGOS DO PRATA.
Para a sede do município a escola já estava prometida ao padre João Pio
(posteriormente virou cônego). Como essa escola não virou realidade, em 1918,
quando deputado federal, o Dr. Gomes Lima conseguiu a tão sonhada escola
estadual também para a sede do município de São Domingos do Prata, escola essa
que alfabetizou dezenas de gerações de pratianos e por ironia do destino, por
volta de 1930, o dr. Edelberto de Lellis
Ferreira deu-lhe o nome de Grupo
Escolar Cônego João Pio.
O Decreto nº 5.065, de 13/08/1918, criando o Grupo Escolar foi assinado
pelo então Presidente do Estado de Minas Gerais, Delfim Moreira da Costa Ribeiro.
Três meses após, em 15.11.1918, ele se tornaria Presidente do Brasil.
O Dr. Gomes Lima conseguiu a verba e a autorização, mas o Grupo Escolar
foi construído no mandato, como Agente do Executivo, de Egydio Lima (Capitão
Dico).
VERBA PARA CONSTRUÇÃO DE UM HOSPITAL.
O jornal “O Prateano”, em sua edição de 10 de
novembro de 1912, noticiava: “O
Dr. Gomes Lima, filho que não se esquece desta terra que o faz vibrar, obteve
dos Congressos deste Estado e da União, valioso auxílio para a fundação nesta
cidade, de um hospital ou casa de caridade, onde os desvalidos encontrem
lenitivo aos seus sofrimentos.”
PRIMEIRO PRATIANO SENADOR E DEPUTADO FEDERAL.
Ele foi também Deputado Federal por duas
legislaturas, de 1915 a 1921. Foi, portanto, o primeiro pratiano a ser Senador
e Deputado Federal.
O Centro de Documentação da Câmara de Deputados
veicula ter sido ele Deputado Federal por duas legislaturas seguidas.
A 1ª de 1915 a 1918, tendo tomado posse em 03 de
maio de 1915. A 2ª, de 1918 a 1821, sendo empossado em 02 de maio de 1918.
O jornal “A Voz do Prata”, edição de 10 de maio de
1918, noticiava a seguinte votação obtida em sua reeleição (o voto era
distrital):
Dr. Antônio Gomes Lima: 2.581 votos.
Dr. Américo Ferreira Lopes: 1.252 votos.
Dr. José Bonifácio de Andrade Silva: 901 votos.
Ph. Bernardino de Senna Figueiredo: 455 votos.
Para Presidente da República, o seu antigo colega
no Senado Mineiro, Delfim Moreira da Costa Ribeiro, havia obtido 1.390 votos,
enquanto o Comendador Antônio Martins F. Silva: 368 votos. Delfim Moreira nessa
eleição foi eleito Presidente do Brasil.
Já como Deputado Federal, além do Grupo Escolar
acima noticiado, trouxe outros benefícios para o seu torrão natal. Entre outros
citamos:
O jornal “A Voz do Prata”, em sua edição do dia 19
de novembro de 1916, noticiava que em breve seria inaugurado o serviço
telegráfico na cidade.
Finalizava a notícia declarando que “de há muito o nosso distinto conterrâneo, exmo. Sr.
Dr. Gomes Lima, representante deste Distrito na Câmara Federal, vem empenhando
seus esforços perante os poderes públicos, a fim de conseguir para esta terra
melhoramentos de que muito necessita para seu completo evoluir, figurando em
primeiro plano o serviço telegráfico...”
Obtido este desiderato, é de se presumir que
tenhamos de registrar, brevemente, a consecução de outros melhoramentos de suma
importância para o município, como sejam: estrada de ferro, cadeia, casa do
Fórum, vias de comunicação e outros, sendo alguns desses serviços de
imprescindível necessidade (.......).
Obtido este desiderato, é de se presumir que
tenhamos de registrar, brevemente, a consecução de outros melhoramentos de suma
importância para o município, como sejam: estrada de ferro, cadeia, casa do
Fórum, vias de comunicação e outros, sendo alguns desses serviços de
imprescindível necessidade.......”.
Em 1931, o jornal “A Voz do Prata”, publicava:
“Pelo
nosso conterrâneo Dr. Antônio Gomes Lima, a quem esta terra muito deve, foi
enviada a importância de 200$000 para os pobres do Hospital Nossa Senhora das
Dores desta cidade (...)”
Em 1944, ele
foi apontado por Abelardo de Morais como um dos grandes benfeitores de São
Domingos do Prata.
A rua em
frente ao prédio do Fórum leva o seu nome.
NOTA: Histórico
sobre a criação do Grupo Escolar Cônego João Pio, da data de sua inauguração e
de seus primeiros anos de existência pode ser encontrado em meu livro “São
Domingos do Prata: Fragmentos de sua história”.
A seguir a capa da
1ª edição do livro, com a foto do Dr. Gomes Lima.
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O AUTOR SENDO APRESENTADO POR FÁBIO AMERICANO,
ASSOCIADO EFETIVO DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO
DE MG E NATURAL DE DIONÍSIO.
DR. EDELBERTO AUGUSTO GOMES LIMA.
"A causa de minha aproximação com o Dr. Edelberto
Augusto Gomes Lima é uma vocação que temos em comum: estudos e pesquisas das
histórias de nossa região.
Edelberto é sem dúvida um dos mais destacados
historiadores de nossa região e em especial de São Domingos do Prata. É um
privilégio para os pratianos de todos os tempos terem alguém como ele para
organizar e disponibilizar as memórias dos eventos da região, da cidade e das
famílias.
Os estudos e pesquisas apresentados por Edelberto são
amplos, detalhados, criteriosos, cuidadosos e reúnem e organizam as evidências
documentais dos fatos históricos de uma forma incontestável.
As histórias apresentadas por Edelberto estão isentas
de paixões ideológicas de qualquer índole, ele se prende às notícias e aos
fatos valorizando as evidências documentais e não se preocupando em momento
algum em emitir juízos a respeito dos mesmos.
Tenho aprendido muito com ele e uma das coisas que me
ensinou é que também sou um Pratiano. Um dia ele me perguntou em que ano eu
nasci, e em seguida emendou; veja se na sua certidão você não está registrado
como nascido em São Domingos do Prata. Neste momento ele uniu minha condição de
Dionisiano à condição de Pratiano.
Dionísio tem como terra mãe São Domingos do Prata,
Dionisianos e Pratianos sempre existiram juntos e misturados. São as mesmas
famílias, as histórias são integradas, interligadas; não há como separar.
Minha gratidão ao Dr. Edelberto pelo precioso material
que nos tem legado, pelo que me ensina, pelo que colabora comigo e recentemente
por nossa amizade".
Fábio Americano – BH – agosto 2016.
*O artigo acima foi reproduzido no livro de nº 14,
abaixo.
LIVROS DO AUTOR:
1 - “São Domingos do Prata: Berço e Origem”. (1ª 2ª e 3ª
edição).
2- “Revivendo a história de São Domingos do Prata”.
3 - “São Domingos do Prata: Fragmentos de sua história”.
4- “Recontando a história de São Domingos do Prata”
5- “Dr. Gomes Lima, um dos grandes
vultos da história de São Domingos do Prata”. 1ª e 2ª edição ampliada).
6- “Notas biográficas de Manoel
Martins Gomes Lima, Janua Coeli de Lellis Ferreira e Dr. Edelberto de Lellis
Ferreira - Três pratianos da gema”.
7- “Quatro prefeitos de São Domingos
do Prata da primeira metade do século XX”.
8- “Notas sobre alguns prefeitos e eleições em São
Domingos do Prata de 1890 a 1947”.
9 – “São Domingos do Prata no período
imperial.” (1ª e 2ª edição ampliada).
10 -“Sabará na imprensa do império”.
11 - “Sabará: Fragmentos de sua
história no período imperial”. (1ª e 2ª edição atualizada e ampliada).
12 - Livro digital “São Domingos do
Prata: Centro irradiador de mineiridade”, contendo os livros de n.º 1 – 2 – 4 –
5 – 6 e 8 acima.
13 – Seleção de notícias sobre São
Domingos do Prata antigo.
14 – Genealogia de alguns ascendentes
e descendentes – Famílias das quais descendo, todas com raízes fincadas em São
Domingos do Prata: Gomes Lima, Martins Vieira, Marques Vieira ou Vieira
Marques, Gomes Domingues, Lellis Ferreira, Santiago. (1ª e 2ª edição atualizada
e ampliada).
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